Práticas Culturais e Relações de Poder
Publicado: 26/07/2017 - 15:05
Última modificação: 30/01/2024 - 16:35
Coordenador: Deivy Ferreira Carneiro
Esta linha abriga pesquisas sobre diversas formas de elaboração simbólica, experiências e compartilhamentos culturais construídos em diferentes circunstâncias. Interessa-se pelo estudo de costumes, valores e práticas culturais que definem e são definidos pelas relações sociais no trabalho, na vida cotidiana, nas instituições, em rituais, nos usos da lei e nas artes. Por meio de documentação cartorial, processos judiciais e fontes (orais, imagéticas, audiovisuais e outras), busca-se perceber como os padrões culturais, as relações de poder, as ideologias e as instituições são criadas e transformadas sob o movimento de dinâmicas dos grupos, bem como das estratégias dos sujeitos, em escalas variadas, analisando as experiências coletivas e individuais em que os agentes se constituem e são constituídos como sujeitos que se relacionam nos grupos aos quais pertencem.
A linha contará com estudos que abordam a imprensa, espaço de intervenção constituído por tensões e disputas políticas, econômicas e culturais. São considerados relevantes diferentes aspectos da produção, distribuição/circulação e recepção de ideias, imagens e outras narrativas. Esses aspectos, articulados, permitem compreender a maneira como ocorrem os processos de construção de sentido e seus tensionamentos e reconfigurações no âmbito dos debates entre indivíduos, grupos sociais ou sociedades. O estudo das artes, por sua vez, contemplará não apenas o produto cultural, mas também seus suportes, lugares e os sujeitos a elas relacionados, considerados a partir de seu lugar social (gênero, classe, raça).
Serão consideradas questões relativas à história do pensamento histórico ou à teoria e história da literatura. Com relação à primeira, desenvolvem-se no âmbito da linha estudos sobre teorias, métodos e escritas por meio das quais o pensamento histórico vem sendo construído e atravessado pelas questões da cultura, da sociedade, da política, da economia e do poder. Com relação à segunda, oportuno dizer que a ficção, com seus diferentes gêneros e fundamentos, abrange dispositivos regulados a partir de programas estabelecidos para hierarquizar os artefatos culturais segundo critérios e arranjos provisórios. Convém reconhecer a possibilidade de historicizar os artifícios e suas diferentes aplicações. Os critérios subjacentes a tais campos e questões explicitam as relações de poder de forma sistemática, a depender das práticas que as conformam e que delas se desdobram.
Referências:
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