Resumo: Esse ensaio objetiva apresentar alguns dos principais elementos do método histórico que Carlo Ginzburg vem desenvolvendo ao longo de mais de cinquenta anos. Busca também apresentar algumas das potencialidades das hipóteses advindas dessa metodologia para fazer avançar determinados tipos de pesquisas sobre o período colonial brasileiro. Acreditamos que sua aplicação pode ajudar a complexificar o estudo e a análise das trajetórias de indivíduos e suas relações com os não-europeus, sobretudo de sujeitos que vieram para a América lusa prestar serviço à Coroa. A título de exemplo, observaremos como um sacerdote jesuíta – o Padre Manoel da Nobrega – percebia os indígenas no momento da colonização do Brasil. Acreditamos que tal metodologia pode também ser útil para perceber as maneiras utilizadas pelos portugueses, em terra brasilis, na compreensão do “outro”, como veremos. Por fim, é preciso afirmar que o recurso ao ensaio como elemento estilístico narrativo é proposital: não sendo especialistas na historiografia do período colonial brasileiro, pretendemos aqui produzir um texto opinativo em que expomos ideias em construção – e por isso incompletas – e impressões pessoais acerca do objeto em questão. Pretendemos, enfim, sugerir a aplicação de um método e das hipóteses a ele atrelado do que realizar efetivamente uma análise exemplar sobre o objeto.

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